Por Milton Ribeiro/Sul21*
Trata-se de Jorge Eduardo Vior, que trabalhou para o ditador argentino Eduardo Massera no diário Convicción. Atualmente, ele trabalha como professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) que atua no Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu, ministrando aulas relacionadas a Direitos Humanos.
O que impressiona é que Vior é o único professor concursado não-brasileiro que foi nomeado sem que as autoridades da universidade investigassem seus antecedentes. Na Argentina, como ex-colaborador da ditadura militar da Argentina, ele foi, inclusive, levado a julgamento por uma banca acadêmica.
Durante a XX Cúpula Social do Mercosul, realizada em dezembro passado, Vior foi reconhecido por organizações sociais argentinas que participaram do encontro regional. Estas pediram sua retirada imediata de um painel sobre o tema “Migração e Direitos Humanos”, coordenado exatamente por Vior, para a perplexidade e indignação dos presentes.
Não é a primeira vez que Vior tenta se infiltrar em uma universidade na tentativa de apagar seu passado: em janeiro de 2010 um grupo de professores da Universidade Nacional de Río Negro (sul da Argentina) solicitou ao vice-reitor Roberto Martínez que procedesse a um processo administrativo acadêmico contra o professor Eduardo Vior, após a divulgação, através do portal Río Negro online, de que Vior escrevera por quatro anos para o jornal Convicción, pertencente ao genocída e ex-chefe da Marinha durante a última ditadura militar, Eduardo Emilio Massera.
Em meados de 1978, Massera, membro da junta militar que representava a Marinha, lançou o matutino Convicción com uma tiragem diária de 20.000 exemplares durante cinco anos (até o final de 1983) com três finalidades: “lavar” suas mãos, unificar as forças armadas para uma anistia futura e criar um clima propício para o projeto político chamado “Almirante Zero”.
Vior, depois de escrever por dois anos para o diário golpista permaneceu na Alemanha entre 1980 e 2004, realizando estudos em Educação em vinculada aos Direitos Humanos no Instituto de Ciência Política da Universidade de Magdeburg. Ao mesmo tempo, seguiu trabalhando por mais dois anos no periódico, até seu fechamento.
Ao voltar para a Argentina em 2004, tornou-se professor na Universidade Nacional de La Matanza, onde foi forçado a renunciar por presumida extorsão com a finalidade de se apoderar de um programa de pesquisa.
Em 2009, ingressou na Universidade Nacional de Río Negro, onde sofreu processo administrativo e foi identificado como colaborador de Massera. Ele também atuou como professor da Northeastern University. Em sua incrível carreira na área dos Direitos Humanos, conseguiu ingressar no espaço político de intelectuais argentinos Carta Abierta, de onde foi rapidamente expulso.
Em seu curriculum vitae, que hoje ostenta o cargo de professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, o denunciado omite seu trabalho como redator.
*Com informações do Rebelion e do Movimento de Justiça e Direitos Humanos/Brasil, via Sul21
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