A ASSOCIAÇÃO DOS MOTORISTAS AUXILIARES DE TÁXI DE UBERABA - AMO TÁXI, (a
qual colaborarei com a parte burocrática de sua organização) surgiu com o fito
de organizar os trabalhadores que atuam como motoristas auxiliares daqueles
motoristas que são titulares das licenças de táxi. Ela é presidida pelo Sr. Cassio Munir.
Essa categoria profissional vem sendo extremamente explorada. É comum,
para se ter uma ideia do grau de exploração, o trabalho em jornadas de trabalho
de até 24 horas consecutivas (jornada de 24 horas de trabalho por 24 horas de
folga), a qual, além de ser prejudicial ao trabalhador, coloca em risco tanto o
usuário do táxi como os usuários da via pública em geral.
Para além daquele motorista que com dificuldades garantiu o direito a
licença de táxi, há hoje no setor uma concentração de licenças de táxi nas mãos
de apenas algumas pessoas, que se organizam em determinadas centrais de táxis,
que, embora um dia já tenham sido motoristas de táxi, converteram-se em
empresários do setor, controlando de três até dez placas (licenças).
Esses pequenos empresários, para garantir o lucro do negócio, usam a mão
de obra dos motoristas auxiliares, ora como se eles fossem motoristas parceiros
autônomos, ora como se fossem motoristas arrendatários de táxi, tudo para
sonegar os direitos trabalhistas de seus colegas de profissão, que pela
realidade socioeconômica do país não conseguiram meios para ter sua placa.
Não estou aqui querendo dizer que todo e qualquer motorista de táxi que
seja motorista auxiliar deve ter a CTPS anotada. Não, não é nada disso. Não se
faz necessário o registro de todos os motoristas auxiliares, até mesmo porque a
legislação que regulamenta o táxi - uma lei federal, portanto válida em todo o
país - permite ao motorista que é dono do táxi (titular da licença) a contratação
de até dois motoristas autônomos, para auxiliá-lo na condução de seu carro.
Entretanto, para não registrar o trabalhador que o auxilia na condução do
seu o táxi, o motorista titular da licença tem que ser efetivamente motorista
do seu táxi, e como tal, um dos responsáveis por dirigi-lo em determinado
período.
Assim, para contar com o apoio de um ou dois motoristas auxiliares, sem
ter a necessidade de registra-lo, o motorista auxiliar tem que se organizar de
modo que ele, também, seja um dos responsáveis pela condução do veículo. Do contrário, ou seja, aqueles que não queiram
dirigir seu táxi ou que tenham sob seu controle diversas outras licenças, devem,
ao teor da lei, anotar a Carteira de Trabalho dos seus auxiliares e os respeitar
na relação com estes todos os direitos estabelecidos na legislação trabalhista.
A guisa da conclusão, é necessário dizer que, advogado trabalhista especializado
na defesa de trabalhadores, patrocinei e patrocino diversas ações trabalhistas
de motoristas que trabalharam em situação irregular no setor, ou seja, que atuavam
para pessoas que, pelo modo que exploram o serviço de táxi, deveriam ter
anotado a Carteira de Trabalho dos mesmos. Foi por isso, acredito eu, aliada a
minha especialização na advocacia sindical, que fui convidado para auxiliar na parte
jurídica e burocrática da fundação da Associação dos Motoristas Auxiliares de
Táxi.
Entretanto, ainda que eu considere justas e corretas as reivindicações e
iniciativas feitas pela Associação, entre as quais estão a reivindicação da
criação da placa social (sorteio de licenças de táxi para quem não tem
condições de pagar os valores hoje cobrado para atuar no setor – cerca R$130mil);
utilização de carro para o serviço de táxi em condições de higiene, conforto e
segurança para os motoristas e passageiros; regularização da prestação se serviços
por parte dos motoristas auxiliares), NÃO SOU RESPONSÁVEL PELAS AÇÕES E
INICIATIVAS DESTA ENTIDADE ASSOCIATIVA. Cito, por exemplo, recente denúncia
feita ao Ministério Público pela Associação, denunciando o arrendamento por
valores exorbitantes de táxi (creio de cerca de R$250,00 DIA), de licenças de táxi. TIVE
CONHECIMENTO DELA SOMENTE APÓS ELA SER FEITA.
Deste modo, ainda que seja consequência do meu trabalho e compromisso
político com a classe trabalhadora a vinculação que estão fazendo das ações da
Associação à minha pessoa (hoje ouvi de um colega advogado, que representa um
motorista de táxi, que seu cliente havia lhe dito que após o Sr. Cássio,
presidente da Associação, ter se juntado a mim, passou a dar muito trabalho, como
se fosse eu algum tutor de Cássio), NÃO SÃO NADA CORRETAS E, TAMPOUCO, JUSTAS AS
AMEAÇAS QUE ME FORAM ENDEREÇADAS NOS ÚLTIMOS DIAS, as quais partiram de pessoa(s)
vinculada(s) a grande empresa do setor. Por isso, depois de muito refletir,
resolvi formalizar queixa formal à OAB, como forma de garantir o respeito AO EXERCÍCIO
DA ADVOCACIA e AINDA JUNTO ÀS OUTRAS AUTORIDADES, NO MÍNIMO PARA QUE AQUELES
QUE ACREDITAM QUE PODEM AMEAÇAR OU TENTAR ALGO CONTRA NÓS ADVOGADOS IMPUNEMENTE
ESTÃO MUITO, MAS MUITO ENGANADOS MESMO.
Finalizo este longo texto, reproduzindo reportagem que saiu na edição de
hoje, 28.01.2016, no jornal da Manhã:
MP aponta irregularidades nos serviços de táxis em Uberaba
Os serviços de táxis em Uberaba apresentam flagrantes irregularidades a dispositivos federais e os regulamentos municipais que tratam da matéria precisam ser revistos. O entendimento é do Ministério Público já submetido à Secretaria de Trânsito e Transportes para as correções necessárias na legislação.Na manifestação enviada à Prefeitura, o MP ressalta a ilegalidade de práticas como o não uso do taxímetro e o arrendamento de placas, frisando as responsabilidades do município. “Se o arrendamento estiver ocorrendo, é irregularidade a ser sanada. E, se houver a concordância do município para ela, o procedimento estaria violando o princípio da legalidade, imparcialidade e moralidade administrativa, e caracterizando ato de improbidade”, diz documento do Ministério Público.Ao permissionário há também a obrigação de trabalhar um período no veículo autorizado. Lembra o documento do MP que a exploração dos serviços de táxi está submetida à Lei 8.987/95, que trata do regime jurídico das concessões e permissões públicas, “a ela se submetendo todos os entes federativos”.Ainda de acordo com as recomendações, o transporte clandestino pode ser combatido, também, com a aplicação da Lei das Contravenções, pois o transportador irregular praticaria, em tese, exercício ilegal de profissão (de taxista).No mesmo documento, o Ministério Público se posiciona contra a cobrança de valores exagerados pela permissão. Licitação baseada exclusivamente em proposta econômica ofende o princípio constitucional da igualdade, assim como os valores sociais e do trabalho considerados como base da sociedade brasileira. Na licitação da Prefeitura, o valor de uma permissão chegou a R$130 mil.Consultada, a Secretaria de Trânsito afirmou que as recomendações do MP serão acatadas e, se preciso, com alterações em tópicos da legislação municipal considerados ofensivos a dispositivos federais.Fonte: http://www.jmonline.com.br/novo/?noticias,1,GERAL,120773
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