Eduardo Almeida Neto
da Direção Nacional do PSTU e editor do Opinião Socialista
O debate sobre a tática eleitoral do PSOL tomou novos rumos, apontando para uma candidatura própria.
A opção pelo apoio à Marina Silva (PV) era uma proposta das direções do MES, MTL e APS, correntes majoritárias do PSOL. A direção do PSOL votou uma resolução com uma proposta programática ultra-rebaixada para tentar o acordo com o PV. Mas existia uma grande resistência das bases a essa posição.
Além disso, o próprio PV ajudou a detonar a possibilidade da coalizão. Nem a sua ala governista, comandada por Zequinha Sarney, nem a ala pró-PSDB dirigida por Fernando Gabeira, estavam dispostas a quaisquer concessões para conseguir essa aliança. Só Marina, na verdade, estava empenhada na coligação. Mas ela não dirige o partido.
A pá de cal nas negociações veio com a aliança PV-PSDB no Rio para a candidatura de Gabeira ao governo do estado. Isso levou até o MES, uma das correntes mais a direita do PSOL, a recuar.
Assim, a combinação entre a resistência das bases do PSOL e a postura da direção do PV, está levando este partido a abandonar a idéia do apoio à Marina Silva. Isso é muito positivo.
Como avançar para uma Frente Classista e Socialista
Desde o ano passado o PSTU vem insistindo no chamado ao PSOL para uma discussão programática com o objetivo de construir uma frente classista e socialista. No entanto, a maioria da direção do PSOL preferiu iniciar as negociações com o PV, que agora se inviabilizaram. Está aberto novamente o debate sobre a construção de um programa e de candidato para as eleições de 2010.
Hoje se discutem no PSOL candidaturas das correntes majoritárias como Martiniano Cavalcante (MTL) e Toninho (APS), e da esquerda como Babá e Plínio de Arruda Sampaio. Essa é uma nova realidade. Mas é preciso avançar na discussão do programa e da independência de classe.
O primeiro critério para garantir a frente é programático. Queremos contrapor o programa do governo e da oposição de direita com uma alternativa socialista. Isso inclui a ruptura com o imperialismo, o não pagamento da dívida pública, a expropriação dos bancos e das multinacionais, a reestatização das empresas privatizadas e uma reforma agrária radical.
Esse programa é claramente diferenciado do defendido pela APS e pelo MES, correntes majoritárias do PSOL, que param em um programa “anti-neoliberal” com a auditoria da dívida externa.
(…) continua
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