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quarta-feira, 21 de maio de 2014

“E O TRABALHADOR DISSE NÃO”: Rodoviários de São Paulo não aceitam acordo do sindicato e param

Mais uma greve: a exemplo do Rio de Janeiro, rodoviários de São Paulo atropelam sindicato e cruzaram os braços

Nesta terça-feira, 20.05.2014, a base dos rodoviários de São Paulo decidiu paralisar suas atividades. O motivo foi um acordo que o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de São Paulo, dirigido pela União Geral dos Trabalhadores (UGT), fez com a empresa que, não só não atende às reivindicações da categoria, como traz prejuízos em alguns pontos.

Segundo um trabalhador, o sindicato fez uma assembleia “com meia dúzia de militantes deles”, fazendo aprovar o acordo de forma nada representativa. “O acordo já foi feito, foi fechado, e não foi passado para nós em assembleia”, afirmou Rodrigo*.

Entre outras coisas, o sindicato aceitou uma proposta de reajuste de 10% contra os 13% exigidos pela categoria. O vale alimentação que era de R$ 15,50, por este acordo, aumentaria míseros R$ 0,70, enquanto os trabalhadores pediam um vale de R$ 22. Outro ponto polêmico também é o convênio médico. Os rodoviários passariam a pagar R$ 130 tendo dependentes ou não. Em muitos casos, esse valor representa mais do que o próprio aumento. Também com relação ao abono há uma redução significativa entre a pauta original e o acordado entre sindicato e empresa. A categoria exige R$ 1.500, enquanto a proposta rebaixa para R$ 850.

Quando a reportagem do Portal do PSTU chegou ao Largo Paissandu, no centro da cidade, o secretário de finanças do sindicato, Edivaldo Santiago, travava uma batalha para convencer motoristas e cobradores a retornarem ao trabalho. Irredutíveis, os trabalhadores ignoraram o que o sindicalista dizia. A Polícia Militar estava no local.

Enquanto ele dava entrevista à imprensa, motoristas e cobradores o interrompiam a toda hora, questionando as informações passadas. Ele frisou: “o sindicato não fez nenhuma paralisação, quem fez ‘foi’ os companheiros”.

A paralisação

Eram 8h da manhã quando os ônibus da empresa Santa Brígida começaram a chegar ao centro da cidade de São Paulo. Motoristas e cobradores vinham de uma jornada que começou às 3h da madrugada. Eles fizeram questão de transportar os passageiros até terminar o horário de pico e, depois, cruzaram os braços.

Aos poucos, trabalhadores de outras empresas também começaram a parar. Pneus foram esvaziados, e chaves foram retiradas dos veículos. A São Paulo Transporte (SPTrans), órgão da Prefeitura de São Paulo, afirmou em nota que enviou a PM aos locais para apurar quem eram os responsáveis pela paralisação, impondo, mais uma vez, a força para impedir a organização dos trabalhadores.

O sindicato insiste que apenas a Viação Santa Brígida estava parada. No entanto, o Portal do PSTU registrou ônibus de pelo menos outras quatro empresas parados. Segundo a própria SPTrans, cinco terminais estão fechados na cidade: Pirituba, Princesa Isabel, Pinheiros, Lapa e Amaral Gurgel, além do terminal do Largo Paissandu.

“Isso não é aumento, nem ajuda de custo é”

Dona Joana é rodoviária há 22 anos na mesma empresa. Como cobradora, ela ganha apenas R$ 1.168 brutos. Ela contou que hoje recebe líquido cerca de R$ 300 a menos. Caso o acordo se mantenha, o valor descontado referente ao convênio médico será maior do que o reajuste.“Eles falaram que vão dar os 10% de aumento, mas o que eles está propondo é descontar R$ 130 de convênio médico, e a gente não aceita”.

“Quando eu era cobrador, eu ganhava três salários mínimos. Agora que eu sou motorista, eu ganho dois e meio. Eles acham que a gente não vê essas coisas, mas a gente faz a conta”, disse um motorista. Ele contou que chega a trabalhar 12 horas por dia. “A gente não tem hora para chegar em casa e não consegue nem dar uma educação para os filhos”, reclamou outro rodoviário.

Ameaças

A insatisfação com o sindicato era generalizada. “A greve estava marcada para ontem. Mas como eles fizeram lá e aceitaram o aumento, então não teve. Aí hoje nós fizemos por conta”, disse dona Joana.

Os rodoviários também temem represálias por parte do próprio sindicato. Enquanto conversávamos, um cobrador afirmou que muitos tinham medo de falar com a imprensa: “a gente está aqui conversando com vocês, e ele [Edivaldo] fica olhando atravessado”.

Edivaldo Santiago, na época em que foi presidente da entidade, chegou a ser preso por um tempo, foi acusado, junto com outros diretores, de fraude e recebimento de propina. O grupo também já foi acusado de ter ameaçado de morte outros sindicalistas de oposição nas eleições sindicais de 2003.

Pauta de reivindicações aprovada originalmente pela categoria

*Os nomes dos rodoviarios são fictícios para preservar a segurança dos trabalhadores

Fotos: Luciana Candido

Fonte: Opinião Socialista/ Site do PSTU, clique aqui e visite

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