Pobres de nósPOR GEORGES BOURDOUKAN
Rubro de vergonha, o sol se oculta no Ocidente.
Ele, que já foi reverenciado como o maior dos deuses,
sofre com a ignomínia de ver sua Mesopotâmia invadida,
ocupada e estuprada.
Seus raios, outrora radiantes,
escondem-se para não assistir a brutalidade
da soldadesca a soldo dos Estados Unidos.
Quem falou que o crime não compensa?
Pobre Caldeia, pobre Nabucodonosor.
Ao invés dos Jardins Suspensos,
uma das sete maravilhas do mundo,
prisioneiros pendurados pelas mãos
a lembrar a crucificação,
ou arrastados como animais num matadouro,
a lembrar o aparheid na África do Sul.
Quem falou que o crime não compensa?
Pobre Babilônia, pobre Hamurabi.
Bibliotecas destruídas,
museus saqueados,
escolas fechadas, a lembrar que a invasão
não se satisfaz apenas em exaurir a riqueza do país.
É preciso também apagar sua história e sua cultura.
Quem falou que o crime não compensa?
Pobre Suméria, pobre Gilgamesh.
Eis que a tão louvada e celebrada
democracia ocidental
mostra sua verdadeira face
diante da diversidade e do diferente,
horror a uma, pavor a outra,
mesquitas servindo de alvo.
Quem falou que o crime não compensa?
Pobre Ur, pobre Abraão.
Pobre Iraque.
Pobres de nós!
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