“Você pode matar um homem, mas não um ideal”
Para os tempos de hoje, em que falar em terrorismo é quase um crime, um filme cujo o personagem principal é um terrorista herói é algo bastante instigante.
V, o codinome deste personagem principal, se enfrenta com um governo totalitário que oprime a todos, em uma Inglaterra do ano de 2020. Eleito como efeito colateral do medo da população de atentados praticados contra civis, tal governo suprime totalmente a liberdade, em nome da segurança nacional.
A remissão aos atentados de 11 de setembro de 2001 e à resposta norte-americana com a Guerra ao terror (que, ainda hoje, continua sob OBAMA, vide Afeganistão) é inevitável, sendo, em minha opinião, o principal ingrediente do filme.
Mas V não um super-herói como os tradicionais. Não tem vida dupla, é sempre o V, um sujeito que não é puritano como os heróis da Marvel, pois além do combate à tirania é também movido por sua sede sanguinária de vingança sobre aqueles que oprimiram no passado.
Lado outro, o que mais me agrada em V, o que também o diferencia dos terroristas tradicionais, é que ele defende a necessidade (e não é somente um detalhe) da ação das massas para as transformações sociais. V explode prédios, mas também incitar o povo a se rebelar contra o governo tirano.
Entretanto, afinal seria muito esperar isso de um filme americano, V se volta apenas contra a opressão causada pela falta de liberdade numa sociedade totalitária, silenciando-se, inclusive, em face à fome, desigualdade social, miséria e desemprego desta mesma sociedade.
Desta forma, os atentados de V se diferenciam, por exemplo, dos atentados do 11 de setembro de 2001, nos quais, mesmo acertando um importante símbolo do imperialismo, a morte de milhares de pessoas, entre elas muitos imigrantes, não se buscou nenhuma mobilização dos trabalhadores, o que deu mais fôlego a Bush e Blair em sua opressão contra as massas de todo o mundo.
Além da perfeita adaptação para o cinema (V de Vingança é uma história em quadrinhos), o destaque fica para a atuação de Hugo Weaving, o agente Smth da Trilogia Matrix e o Elfo Elrond de O Senhor dos Anéis, pois mesmo com o rosto coberto durante todo o filme por uma mascará estática de Guy Fawkes (um soldado inglês, católico, que, num ato contra o governo protestante da época, pretendia destruir o prédio do Parlamento britânico em 1605), conseguiu fazer um personagem cativante.
Aqueles que ainda não o assistiram, corram à locadora, pois V de Vingança é um filme que vale à pena ser visto.
Adriano Espíndola Cavalheiro, advogado, poeta, militante político (PSTU) e agora, crítico de cinema!
FICHA TÉCNICA:
V de Vingança Alemanha/EUA, 2006 – 132 min
Ação/Drama
Direção: James McTeigue
Roteiro: Andy Wachowski, Larry Wachowski
Elenco: Hugo Weaving, John Hurt, Natalie Portman, Tim Pigott-Smith, Stephen Fry, Stephen Rea, Rupert Graves, Sinéad Cusack
Um comentário:
Realmente, V de Vingança é um ótimo filme. É um personagem que nos inspira (pelo menos a mim) a lutar cada vez mais contra a tirania do Capital, as injustiças, a fome. Terroristas explodem prédios, espalham o caos, mas atrás de todos há sempre um ideal a ser buscado. Homens morrem facilmente, mas não idéias. Ao contrário dos homens, elas são à prova de balas.
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