Na tarde da terça-feira, 4 de março, um contingente da Brigada Militar do Rio Grande do Sul destruiu um acampamento montado pelas mulheres da Via Campesina na Fazenda Tarumã, em Rosário do Sul, cerca de 400 km de Porto Alegre.
Segundo o MST, há cerca de 50 agricultoras feridas. Duas agricultoras estão detidas.
Durante a operação, as cerca de 250 crianças que estavam no acampamento teriam sido separadas das mães e colocadas deitadas com as mãos na cabeça. Algumas barracas de assentados teriam sido destruídas.
O MST afirma também que jornalistas que cobriam o eposídio teriam sido coagidos. Um cinegrafista que filmou a operação teria sido detido e a fita com a gravação apreendida.
Como havia um interdito proibitório, que garante a proteção da área contra ocupações de manifestantes, a Brigada Militar pôde fazer a desocupação sem precisar de mandato de reintegração de posse. Durante a operação, a brigada usou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.
O delegado Hotelo Caiaffo, da delegacia de polícia regional de Santana do Livramento, afirmou que as mulheres devem ser autuadas por invasão de terra com violência, corrupção de menores - já que havia crianças no grupo - e lesões corporais.
Na manhã da terça-feira, cerca de 900 mulheres, segundo o movimento, e 600, segundo a polícia, haviam ocupado o terreno de 2,075 mil hectares para denunciar a aparente ilegalidade da fazenda, comprada pela multinacional Stora Enzo para servir para o plantio de eucalipto.
A Via Campesina alega que a compra fere a Lei da Faixa de Fronteiras, de 1979, que proíbe aquisição de terras por estrangeiros em uma faixa de até 150 quilômetros das fronteiras.
As militantes também denunciam o cultivo de eucalipto, que dizem ser maléfico para o meio ambiente. Ao entrar no local, elas cortaram a plantação ainda jovem e plantaram árvores nativas no lugar.
Posted in Escrito por Natalia Viana
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